Lições de Abismo, Gustavo Corção |
GUSTAVO CORÇÃO, Lições de Abismo, 1950.
Lições de Abismo é um aprendizado, uma estetização da vida, uma crítica à crescente insensibilidade do mundo moderno. De uma densidade filosófica rara no romance brasileiro – usando a expressão de Eduardo Gianetti, “é um laboratório de metafísica aplicada”. Único romance do autor, foi premiado pela UNESCO quatro anos após sua publicação e traduzido para diversas línguas. Apesar disto, é pouco conhecido e geralmente não consta no índex literário de escritores exemplares. Lições de Abismo é uma manifestação da poesia – não é uma obra de circunstância, está comprometida, como comenta Gilberto Freyre, com o “trans-tempo”.
Angústia, Graciliano Ramos |
GRACILIANO RAMOS, Angústia, 1936.
De onde nos fala Luis da Silva? Do mesmo lugar que o falante das Memórias do Subsolo (Dostoievski), do mesmo lugar da voz de Malone morre ou O Inominado (Beckett). Falam do subterrâneo, de lugares vazios e sem esperança alguma. Angústia, de Graciliano Ramos – autor que só escrevera obras primas – não deve nada a esses grandes autores. O romance é o percurso de uma consciência em desagregação. Luis da Silva, seu protagonista, vive entre dois mundos – o rural, de sua infância e o citadino, no qual vive – sem se identificar com nenhum deles. Um homem medíocre de repartição que se denomina muitas vezes como um bicho, um animal temeroso. Um livro cuja escritura está longe de perder seu efeito inquietante de sugestão do vazio.
A Montanha Mágica, Thomas Mann |
THOMAS MANN, A Montanha Mágica, 1924.
A Montanha Mágica é um romance de formação (bildungroman), gênero inaugurado por W. J. Goethe com a obra célebre Wilhelm Meister, ainda no século XVIII. Retrata sete anos da vida de Hans Castorp, passados em um sanatório situado nas alturas de Davo Platz. Neste longo romance, são discutidos, à luz do nascente século XX – após a primeira grande guerra – temas como arte, religião, filosofia, política, o tempo e, sobretudo, a experiência com o amor e com a morte. Thomas Mann, o maior prosador alemão de seu tempo, era dono de uma erudição colossal; lê-lo é tomar parte de seu grande e variado saber.
O encontro marcado, Fernando Sabino |
FERNANDO SABINO, O encontro marcado, 1956
A vida não vem com manual de instruções e a pergunta pelo sentido é inevitável. O encontro marcado é a geração da década de cinqüenta, uma juventude repleta de sonhos que cedo ou tarde são frustrados: a vida é uma duração, mas o que fazer com ela? Eduardo, o protagonista, busca ora na literatura – tinha pretensões literárias – ora no amor, sentido cambiante de sua existência. Quando se fala em romances marcados pela corrente existencialista, O encontro marcado está entre os primeiros da lista. Além do humor sempre presente, é uma prosa vigorosa – levando em consideração o fato de ser o primeiro romance de Fernando Sabino.
(Resumos escritos por Jefferson Paz)