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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Drummond e A Rosa do Povo

Guernica - Pablo Picasso
      1945. O mundo parecia dar saltos em direção à um abismo. Embora a segunda Guerra Mundial tivesse acabado, nesse mesmo ano se iniciava os ataques nucleares as cidades de Hiroshima e Nagasaki pela Força Aérea dos Estados Unidos da América. Há menos de uma década, o mundo tinha vivido uma Grande Depressão com a queda da bolsa de Nova York em 1929.  No Sul dos EUA, os negros embalavam blues e jazz em uma mistura que posteriormente criou o que hoje se chama de Rock and Roll. O Brasil suspirava ante a possibilidade de saída de um regime ditatorial para um governo democrático. Carlos Drummond de Andrade publicava seu livro A Rosa do Povo.
      
      Marcado pela influência dos Modernistas brasileiros e estrangeiros, a rosa do povo revela um Drummond político e agitador. Seus poemas são reflexões, provocações contra a monotonia  dos valores vigentes de sua época, contra o silêncio do povo em face das repressões da ditadura, contra os padrões estéticos que dominam a composição do poema. O Drummond que fala em a rosa do povo é plural, é um amálgama das dimensões que constituem o homem contemporâneo, o homem político, funcionário, ser humano, idealista, poeta, empregado, marido, leiteiro, religioso. Não à toa, os poemas que constituem o livro tratam de assuntos díspares e abrangentes, embora seu fio condutor seja sempre o homem da rua (como diria Fichte) e o cotidiano, isto é, o fio condutor é uma reflexão sobre a condição  do homem face os poderes da política, das ideologias, dos padrões e das demandas sociais que nasceram com o século XX. 

        Uma pergunta frequente surge nas entrelinhas de seus poemas, qual o papel da poesia  (ou da arte) frente a existência humana? E a sua resposta se delineia na linguagem de cada poema ao usar palavras como fezes, esperança, caos, náusea, cotidiano, rua. Assim, a poesia parece carregar a responsabilidade da denúncia, isto é, de pôr o homem fronte o que se recusa enxergar. O tom existencial (ou o tema existencialista) é uma tônica comum em cada verso. Para Drummond, a poesia é o grito reacionário contra a náusea que carrega o imutável.

"Uma flor nasceu na rua!"  (Carlos Drummond de Andrade)
    

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